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Como APIs vulneráveis provocam vazamento de dados

POR:

Haline Farias

Imagem ilustrativa de vazamento de dados de um sistema. Provocando violação a LGPD
Data Security system Shield Protection Verification

API Security: O elo invisível que pode provocar vazamento de dados de milhões de usuários

Sua empresa pode estar em conformidade com a LGPD. Seus fornecedores e parceiros podem não estar. A rota de vazamento mais negligenciada hoje não está no seu sistema principal. Ela passa por uma API de terceiros que você nem sabe que existe.

Em 2024, os incidentes de segurança em APIs mais que dobraram. Segundo o State of API Security Report 2024 da Salt Security (Salt Labs, 2024), 95% das organizações enfrentaram problemas de segurança em APIs de produção. Desses, 23% sofreram vazamentos por falhas específicas de API.

O cenário é claro: APIs se tornaram o novo perímetro de ataque. Entender esse vetor é essencial para proteger dados de clientes e evitar multas pesadas.

O crescimento explosivo das APIs e seus riscos

As APIs conectam sistemas, aplicações e microserviços. Elas processam pagamentos, compartilham dados de clientes e integram parceiros comerciais.

O problema é a velocidade de crescimento. O mesmo relatório da Salt Security aponta um aumento de 167% no volume de APIs em apenas 12 meses. Além disso, 66% das empresas gerenciam mais de 100 APIs simultaneamente.

Com tantas conexões, surgem pontos cegos perigosos:

  • APIs “zumbis” abandonadas e esquecidas
  • Endpoints sem autenticação adequada
  • Falhas de autorização em nível de objeto (BOLA)

Apenas 7,5% das organizações possuem programas avançados de teste de APIs. Esse gap entre crescimento e segurança cria oportunidades para atacantes.

Casos Reais: Quando APIs expõem milhões de registros

Os vazamentos de 2024 mostram a gravidade do problema. A Equixly documentou os 10 maiores breaches de API (Equixly, 2024). Veja alguns exemplos:

Trello: Uma API exposta permitiu que atacantes vinculassem 15 milhões de e-mails a contas de usuários. A falha? Um endpoint sem autenticação adequada.

Dell: Uma vulnerabilidade de API afetou 49 milhões de registros de clientes. Atacantes exploraram uma API de portal de parceiros com controles fracos.

Twilio Authy: Criminosos vazaram 33,4 milhões de números de telefone através de um endpoint que aceitava requisições não autenticadas.

Em todos os casos, o vetor de ataque foi o mesmo: uma API mal configurada ou sem os controles de segurança adequados.

LGPD e a responsabilidade que atravessa fronteiras

A Lei Geral de Proteção de Dados estabelece responsabilidade solidária. Isso significa que controladores e operadores respondem conjuntamente por vazamentos.

Segundo o Art. 42 da LGPD (Lei 13.709/2018), quem causa dano por atividade de tratamento de dados deve repará-lo. A responsabilidade se estende a toda a cadeia de fornecimento.

Em decisão recente, o STJ determinou no REsp 2.147.374 (Data Privacy Brasil, 2024) que vazamentos não isentam empresas mesmo em casos de ataque cibernético. O tribunal entendeu que a empresa deve comprovar medidas de segurança adequadas.

As consequências incluem:

  • Multas de até 2% do faturamento anual
  • Bloqueio de operações com dados
  • Obrigação de notificar a ANPD e titulares afetados
  • Danos reputacionais irreparáveis

Supply Chain Attack: O risco dos terceiros

Um ponto frequentemente ignorado é o risco de terceiros. Sua empresa pode ter controles robustos. Mas o que acontece quando um fornecedor com acesso aos seus dados sofre um breach?

APIs de parceiros comerciais, sistemas de pagamento e plataformas SaaS conectam-se aos seus sistemas. Cada conexão representa um potencial vetor de ataque.

O Pentest de API identifica exatamente essas vulnerabilidades. Ele simula ataques reais contra endpoints, testando autenticação, autorização e exposição de dados.

A auditoria de terceiros deve fazer parte da estratégia de compliance. Não basta estar em conformidade internamente. É preciso garantir que toda a cadeia de fornecimento proteja os dados adequadamente.

Pentest de API: A defesa proativa

Scanners automatizados não detectam falhas de lógica de negócio. Eles encontram vulnerabilidades conhecidas, mas falham em identificar problemas de autorização contextual.

Um Pentest especializado em APIs testa:

  • Broken Object Level Authorization (BOLA)
  • Falhas de autenticação e sessão
  • Exposição excessiva de dados
  • Rate limiting inadequado
  • Injection em parâmetros de API

A abordagem manual e sistemática revela vulnerabilidades que atacantes exploram em cenários reais. Esse nível de teste é essencial para organizações que processam dados sensíveis.

Conclusão: Proteja o novo perímetro

APIs são a espinha dorsal das aplicações modernas. Elas também representam o maior vetor de vazamento de dados da atualidade.

A conformidade com a LGPD exige proteção além do perímetro tradicional. Inclui APIs próprias, de terceiros e toda a cadeia de supply chain digital.

O Pentest de API não é opcional para organizações que levam proteção de dados a sério. Ele é a única forma de descobrir vulnerabilidades antes que atacantes o façam.

Referências

FAQ

O que é API Security? API Security é o conjunto de práticas e tecnologias que protegem interfaces de programação de aplicações contra acessos não autorizados, vazamentos de dados e exploração de vulnerabilidades.

Por que APIs são alvos de ataques? APIs processam dados sensíveis e frequentemente apresentam falhas de autenticação e autorização. Elas conectam sistemas críticos e oferecem acesso direto a bancos de dados.

A LGPD responsabiliza vazamentos por falha de terceiros? Sim. A lei estabelece responsabilidade solidária entre controladores e operadores. Vazamentos na cadeia de fornecimento podem responsabilizar sua empresa.

Qual a diferença entre Pentest de API e scanner automatizado? Scanners detectam vulnerabilidades conhecidas. O Pentest identifica falhas de lógica de negócio e problemas de autorização que apenas testes manuais especializados revelam.

Com que frequência devo testar minhas APIs? O ideal é realizar Pentest a cada lançamento significativo e, no mínimo, anualmente. APIs críticas para o negócio exigem testes mais frequentes.

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