Anualmente, o Grupo dos Setes, mais conhecido como G7, o qual é compreendido por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido, além da participação da União Europeia, representada pelo presidente da Comissão Europeia e o presidente do Conselho Europeu e, algumas instituições financeiras, como o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Central Europeu, realiza reuniões para tratar sobre temas relevantes ao mundo. E na reunião realizada nos dias 8 e 9 de setembro de 2021, a pauta de temas teve como base a proteção dos dados pessoais e o assunto tratado no presente blog: o rastreamento online.
Redução de Rastreamento
Na digitalização atual, é crucial que os usuários controlem o processamento de seus dados pessoais na internet, reduzindo o rastreamento de suas atividades e dados.
Os sites costumam utilizar rastreadores para coletar dados sobre o comportamento do usuário durante a navegação na web. A coleta de dados registra a interação do usuário com o site, permitindo acesso a funcionalidades como compartilhamento em redes sociais, comentários e anúncios personalizados.
Os rastreadores mais conhecidos na web são os cookies, utilizados para coletar dados com diferentes finalidades, inclusive para a própria funcionalidade do site. Porém, também usamos para a coleta de dados que não são necessários para a funcionalidade do site ou para a prestação do serviço.
Com a entrada em vigor da GDPR (Regulamento Geral de Proteção de Dados) em maio de 2018, a transparência das informações coletadas tornou-se obrigatória. As empresas passaram a exibir um aviso sobre a política de cookies utilizada, adotando essa prática em todos os países.
Política de Cookies
Os usuários raramente leem a política de cookies ao usar um site, geralmente apenas aceitam, permitindo que a empresa colete dados de forma indiscriminada.
Atualmente, os dados pessoais possuem valor, e por isso, as organizações querem rastrear o máximo sobre os usuários da web. Com base nessas informações coletadas, é possível, por exemplo, ajustar ofertas ao perfil de cada usuário.
Sem o consentimento consciente, os usuários não conseguem controlar a coleta e o processamento de seus dados na web, permitindo o rastreamento e monitoramento pelas empresas.
É de conhecimento comum que os dados coletados para determinados fins podem ser direcionados e utilizados para outras finalidades.
Por exemplo, no escândalo do Facebook e da Cambridge Analytica, uma firma de consultoria política obteve, sem consentimento, os dados de mais de 87 milhões de usuários.
Essa firma utilizou os dados na criação de campanhas de publicidade política.
Precisamos garantir que os usuários da web controlem o processamento de seus dados pessoais e que os sites protejam esses dados, respeitando a privacidade dos usuários.
1- DA NÃO UTILIZAÇÃO DE COOKIES
Recentemente, a Apple Inc. e o Google anunciaram que vão eliminar os cookies de publicidade de terceiros, impactando o rastreamento online dos usuários.
As empresas planejam lançar atualizações que desativam os mecanismos utilizados atualmente pelas empresas para alcançar internautas. Por outro lado, os desenvolvedores, empresas de publicidade on-line e rivais estão preocupados com a perda do poder de rastreamento e seus respectivos prejuízos.
A Apple vai lançar uma infraestrutura de transparência no rastreamento de aplicativos (ATT), bloqueando dados usados para rastrear o comportamento dos usuários em apps e sites móveis.
Agora, os aplicativos em dispositivos Apple e na web devem obter permissão dos usuários para rastrear suas atividades online, resultando em baixos índices de aceitação. Além de ter proibido cookies de terceiros em seu navegador Safari.
Por outro lado, a Apple adotará sua própria solução de publicidade alvo, uma vez que seus rastreamento de anúncios usam uma linguagem mais amigável do que a utilizada pelos aplicativos de terceiros, podendo assim, introduzir novos anúncios na App Store.
Já o Google passou a utilizar alternativas não para eliminar os cookies, mas para proibir o acesso ao histórico de navegação pelos anunciantes.
Em todas as medidas anunciadas por ambas as empresas, é possível ver que o setor da publicidade digital precisará se reinventar, uma vez que grande parte das atividades é a publicidade direcionada, o que pode prejudicar os anunciantes e a concorrência.
Assim, essas medidas beneficiam Apple e Google, pois limitam os anúncios de terceiros e abrem espaço para seus próprios anúncios. Isso aumenta ainda mais o domínio dessas gigantes na publicidade online.
¹ Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Esc%C3%A2ndalo_de_dados_Facebook%E2%80%93Cambridge_Analytica.
² Fonte: https://hbr.org/2021/04/apple-is-changing-how-digital-ads-work-are-advertisers-prepared
³ Fonte: https://einvestidor.estadao.com.br/negocios/apple-google-cookies-publicidade