BLOG

Pentest em câmeras na nuvem

POR:

Haline Farias

Pentest em aplicativos de monitoramento: imagem de pessoa verificando quatro feeds de câmera de segurança CCTV em um tablet, ilustrando a vigilância remota e a superfície de ataque que requer análise de API e pentest especializado

Pentest em câmeras na nuvem: Guia de segurança de API para aplicativos de monitoramento remoto

A proliferação de aplicativos de monitoramento remoto transformou a segurança física em um desafio de cibersegurança. Enquanto soluções como Reolink, Hik-Connect e outras plataformas de câmeras na nuvem oferecem conveniência, elas também introduzem superfícies de ataque frequentemente negligenciadas em pentest tradicionais.

Segundo pesquisas recentes, em 2021 foram registradas em média 50 CVEs por dia, o que significa que câmeras de segurança podem estar vulneráveis antes mesmo de serem desembaladas. 

Este cenário exige uma abordagem especializada de pentest para aplicativos de monitoramento.

Por que Apps de monitoramento são alvos críticos

Aplicativos de monitoramento remoto combinam três vetores de ataque: interfaces web expostas, APIs mal configuradas e protocolos de streaming vulneráveis. 

Uma vulnerabilidade crítica identificada em 2021, a CVE-2021-28372, afetou dispositivos usando o ThroughTek Kalay P2P SDK, permitindo que atacantes se passassem por dispositivos e interceptassem credenciais.

Além disso, muitas câmeras permitem acesso direto à internet através de recursos peer-to-peer. Em outubro de 2022, mais de 8,7 milhões de dispositivos vulneráveis foram encontrados na internet, evidenciando a escala do problema.

Falhas críticas negligenciadas em Pentests

Ao contrário de aplicações web convencionais, apps de monitoramento apresentam riscos específicos:

  • Autenticação sem senha: A CVE-2017-7921 demonstrou como dispositivos Hikvision permitiam acesso sem autenticação adequada
  • Transmissão não criptografada: A CVE-2018-7698 expôs como o app mydlink+ enviava credenciais não criptografadas entre dispositivo e câmera
  • APIs expostas sem controle: Endpoints RTSP e ONVIF frequentemente carecem de validação apropriada
  • Man-in-the-Middle sobre P2P: Conexões peer-to-peer podem ser interceptadas para roubar feeds de vídeo

Checklist essencial para pentest em Apps de monitoramento

Para realizar um pentest em aplicações mobile de monitoramento de forma eficaz, siga este checklist estruturado:

1. Descoberta e inventário

Identifique todos os componentes do ecossistema antes de iniciar testes:

  • Mapeie endpoints de API expostos (REST, SOAP, GraphQL)
  • Documente protocolos de streaming (RTSP, HTTP, ONVIF)
  • Catalogue interfaces web e mobile
  • Identifique serviços de nuvem utilizados

2. Testes de autenticação

A autenticação representa o principal ponto de falha. Valide:

  • Presença de credenciais padrão de fábrica
  • Força de políticas de senha
  • Implementação de autenticação multifator
  • Tokens de sessão e sua validade
  • Capacidade de enumeração de usuários

3. Validação de criptografia

Segundo diretrizes NIST SP 800-144, manter segurança e privacidade em ambientes de nuvem pública requer criptografia adequada. Teste:

  • Uso de TLS/SSL em todas as comunicações
  • Validação de certificados
  • Algoritmos de criptografia utilizados
  • Proteção de dados em repouso
  • Segurança de chaves de API

4. Análise de API security

As APIs representam o coração desses sistemas. Conduza verificações abrangentes:

  • Injeção SQL e XSS em parâmetros
  • Controle de acesso a nível de objeto (BOLA/IDOR)
  • Limitação de taxa (rate limiting)
  • Vazamento de dados sensíveis em respostas
  • Validação de entrada inadequada

5. Testes de protocolos de streaming

Protocolos como RTSP frequentemente apresentam vulnerabilidades:

  • Acesso não autenticado a streams
  • Capacidade de interceptação de feeds
  • Replay attacks em sessões
  • Exposição de metadados sensíveis

6. Avaliação de firmware

Quando possível, analise o firmware para identificar:

  • Componentes de terceiros vulneráveis
  • Hardcoded credentials
  • Funções inseguras no código
  • Backdoors ou funcionalidades ocultas

Ferramentas recomendadas para o Pentest

Utilize ferramentas especializadas para maximizar a cobertura:

  • Shodan/Censys: Descoberta de dispositivos expostos
  • OWASP ZAP: Testes de segurança em APIs e interfaces web
  • Burp Suite: Análise detalhada de tráfego HTTP/HTTPS
  • Hydra: Testes de força bruta em autenticação
  • Nmap: Varredura de portas e serviços
  • Wireshark: Análise de protocolos de rede

Mitigação de riscos identificados

Após identificar vulnerabilidades, priorize remediações baseadas em risco:

Alto impacto:

  • Implementar autenticação forte em todos os endpoints
  • Aplicar criptografia end-to-end
  • Corrigir CVEs conhecidas imediatamente
  • Desabilitar recursos P2P desnecessários

Médio impacto:

  • Implementar rate limiting em APIs
  • Fortalecer validação de entrada
  • Estabelecer monitoramento contínuo
  • Aplicar princípio de menor privilégio

Compliance e frameworks de referência

NIST SP 800-210 fornece orientações sobre controle de acesso para sistemas em nuvem, incluindo recomendações específicas para componentes de rede, dados e APIs. Além disso, considere:

  • OWASP API Security Top 10
  • OWASP Mobile Top 10
  • ISO/IEC 27001 para gestão de segurança
  • Regulamentações setoriais (LGPD, GDPR)

Conclusão

Aplicativos de monitoramento remoto representam uma superfície de ataque complexa que exige expertise especializada.

As vulnerabilidades encontradas nesses sistemas podem comprometer não apenas a privacidade, mas também a segurança física de organizações.

Um pentest eficaz em câmeras na nuvem e apps de monitoramento deve ir além dos testes convencionais, incorporando análise de API security, validação de protocolos de streaming e avaliação de firmware. 

A RESH oferece serviços especializados para proteger sua infraestrutura de monitoramento contra essas ameaças negligenciadas.

Investir em testes de segurança regulares para essas aplicações não é apenas uma boa prática — é uma necessidade crítica para proteger ativos físicos e dados sensíveis em um cenário de ameaças em constante evolução.

Referências

Categorias

RESH

Compartilhe: