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Pentest de Redes Wi-Fi com Câmeras IoT: Como um Atacante Ganha Acesso à Rede Interna

POR:

Haline Farias

Um funcionário de uma empresa trabalhando com seu smartphone e um dos apps instalados fazendo a coleta de dados

Pentest de Redes Wi-Fi com Câmeras IoT: Como um Atacante Ganha Acesso à Rede Interna

A proliferação de dispositivos IoT em ambientes corporativos trouxe benefícios operacionais significativos. No entanto, também introduziu vetores de ataque críticos que muitas organizações ignoram.

Câmeras de segurança conectadas ao Wi-Fi corporativo representam um risco especialmente grave quando compartilham a mesma VLAN com servidores críticos.

O Problema da Segmentação Inadequada

A segmentação de rede é uma pedra angular da cibersegurança moderna, destinada a melhorar a segurança ao dividir redes em seções menores e isoladas. Porém, muitas empresas falham nessa implementação básica.

Durante avaliações de pentest de rede, identificamos consistentemente câmeras IoT posicionadas na mesma VLAN que servidores de banco de dados, controladores de domínio e sistemas ERP. Essa arquitetura cria um caminho direto para atacantes.

Por exemplo, ao comprometer uma câmera Wi-Fi através de credenciais padrão ou vulnerabilidades de firmware, o atacante obtém um ponto de apoio interno. A partir daí, técnicas de pivoting permitem movimento lateral irrestrito.

Como Funciona o Ataque: Da Câmera aos Servidores

O processo de exploração segue etapas previsíveis que simulamos em nossos pentests:

Fase 1: Reconhecimento Inicial

  • Identificação de redes Wi-Fi corporativas
  • Mapeamento de dispositivos IoT expostos
  • Análise de portas e serviços ativos

 

Fase 2: Comprometimento do Dispositivo IoT Dispositivos IoT podem coletar diversos tipos de dados, alguns inócuos, outros preocupantes para organizações. Além disso, vulnerabilidades identificadas através de pesquisa open-source não foram corrigidas em alguns casos.

Atacantes exploram:

  • Credenciais padrão não alteradas
  • Vulnerabilidades conhecidas em firmware desatualizado
  • Interfaces de gerenciamento expostas

 

Fase 3: Pivoting e Movimento Lateral Pivoting em pentest é uma técnica na qual os hackers éticos podem se mover de um sistema para outro. Uma vez com acesso à câmera, o atacante estabelece:

  • Port forwarding através do dispositivo comprometido
  • Túneis SSH para comunicação encriptada
  • Proxies SOCKS para roteamento de tráfego malicioso

 

Fase 4: Acesso à Rede Corporativa Com a câmera atuando como pivot point, o atacante pode:

  • Escanear a rede interna sem ser detectado
  • Explorar servidores na mesma VLAN
  • Exfiltrar dados críticos

Recomendações do NIST para Dispositivos IoT

O NIST publicou um guia identificando um conjunto de recursos de cibersegurança recomendados para incluir em dispositivos conectados à rede.

As diretrizes incluem:

  • Identificação única do dispositivo
  • Proteção robusta de dados
  • Mecanismos seguros de atualização de firmware
  • Logs de eventos de cibersegurança

 

Fabricantes são geralmente mais capazes de identificar e incorporar planos para capacidades de cibersegurança que seus dispositivos terão no início da fase pré-mercado.

Implementando Segmentação Adequada de Rede

Para mitigar esses riscos, organizações devem:

Segregar Dispositivos IoT:

  • Criar VLANs dedicadas exclusivamente para dispositivos IoT
  • Implementar firewalls entre segmentos de rede
  • Aplicar políticas de zero-trust entre zonas

 

Controlar Acesso:

  • Limitar comunicação apenas ao estritamente necessário
  • Monitorar tráfego anômalo de dispositivos IoT
  • Implementar autenticação multifator para gerenciamento

 

Manter Atualizações:

  • Estabelecer processos de patch management para IoT
  • Substituir dispositivos sem suporte de segurança
  • Realizar inventário completo de ativos conectados

A Importância do Pentest Especializado

Segmentação de rede é uma medida de segurança poderosa mas subutilizada, e é uma das pedras fundamentais de um programa bem-sucedido de segurança da informação.

Um pentest wireless especializado em IoT valida se:

  • A segmentação de rede está implementada corretamente
  • Dispositivos IoT não podem alcançar recursos críticos
  • Controles de acesso funcionam efetivamente
  • Detecção de intrusão identifica movimento lateral

Além disso, complementar com pentest IoT específico permite avaliar vulnerabilidades únicas desses dispositivos.

Conclusão

Câmeras IoT e outros dispositivos conectados não devem compartilhar a mesma VLAN com servidores corporativos. Essa falha arquitetural transforma um dispositivo de segurança física em um vetor de ataque cibernético.

Organizações precisam implementar segmentação rigorosa, validada através de pentests regulares. Somente assim é possível garantir que dispositivos IoT não se tornem a porta de entrada para invasores.

A RESH oferece serviços especializados de pentest que identificam e validam essas vulnerabilidades antes que atacantes reais as explorem. Entre em contato para avaliar a segurança da sua infraestrutura de rede e dispositivos IoT.

 

Fontes:

  1. NIST Special Publication 800-213 – IoT Device Cybersecurity Guidance (2020)
  2. NIST IR 8267 – Security Review of Consumer Home IoT Products (2019)
  3. Software Engineering Institute, Carnegie Mellon University – Network Segmentation: Concepts and Practices (2024)
  4. EC-Council – Cybersecurity Pivoting in Penetration Testing (2022)

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